Brasília 61 Anos

 



BRASÍLIA - APÓS 61 ANOS, SOMOS CANDANGOS OU BRASILIENSES ????

Desde que nasci há mais de 40 anos atrás, sou chamado de CANDANGO, e sempre com amor tentei explicar o que significava ser candango, que teria sido a maior honra e alegria da minha vida, mas que eu era um simples cidadão BRASILIENSE. Quando criança, na minha visão CANDANGO era o povo que tinha recebido uma missão única de largar as suas terras e famílias com o objetivo nobre de construir algo novo, que nunca fora feito: "A construção da capital federal em 5 anos", que foi realizada de uma forma histórica e inédita. Este povo que foi convocado pelos 4 quatro cantos do país, já estreava com esta missão, mais do que divina, uma missão digna de JK.

Após 40 de amor e vivência nesta terra única e abençoada, acredito que todos nós nascemos CANDANGOS, pois somos diariamente convocados a construir, melhorar e aprimorar aquilo que os nossos ascendentes nos deram com o suor, sangue e dedicação. Sim acredito que a maior lição que a PANDEMIA nos deixou é que somos CANDANGOS e sempre seremos, a construção não acabou, a obra é diária e todos nós temos responsabilidade de fazer da nossa Brasília, a Capital da Esperança.

E a ideia que nasceu como Vera Cruz e virou o Distrito Federal, a capital da esperança, e do ipês, a cidade do rock, o centro de decisões políticas do país completa 61 anos, tombada como “Patrimônio Cultural da humanidade” uma das cidades mais novas de todo o mundo, mas a nossa história é antiga, remonta ao século XVIII, quando iniciou-se os estudos e articulações para interiorizar a capital do país, o caminho até aqui foi longo e árduo e muitos políticos e visionários que não aparecem em lugar nenhum, lutaram muito para este dia chegar. Para aqueles que não acreditaram, a cidade é um milagre de Deus, foi construída, entregue e inaugurada em 5 anos...

JK deixou um legado com ícones e heróis que são associados à Brasília em qualquer lugar do mundo, Lúcio Costa, o Urbanista, Oscar Niemeyer, o Arquiteto, Bernardo Sayão, o engenheiro, Athos Bulcão, o artista, Burle Marx, o paisagista, Isarel Pinheiro, o Governante, nosso primeiro prefeito. Mas esta cidade que somos apaixonados e admirados, deve-se principalmente aos brasileiros mais simples e humildes, os verdadeiros Candangos, que viveram e morreram no anonimato, que só aparecem nas fotos, mas seus nomes são desconhecidos por toda a nação. Estes sim, verdadeiramente empreenderam e largaram tudo, muitas vezes deixando as suas famílias para trás para construir algo novo, muitos tiveram esta oportunidade, mas só os que acreditaram nesta nova visão profética de Dom Bosco vieram em busca deste sonho, deste novo despertar, deste novo horizonte e desta nova perspectiva brasileira, que é Brasília.

Brasília representa muito pra a humanidade que foi deturpada por conta do nosso cenário político controverso e polêmico, mas isso não apaga o que a população representa para a cidade e que a cidade representa para todos nós, os que aqui se estabeleceram e construíram suas famílias e patrimônios, destaco alguns dos nomes estampados nos principais centros comerciais de Brasília de pioneiros que empreenderam e ajudam a fazer desta capital o que ela é hoje, como José Paulo Sarkis, Orlando Taurisano, Gilberto Salomão, Antônio Venâncio da Silva, Roberto Curi, José e Edmont Baracat, Abdala Carim Nabut, William Habib Naoum, Salim Bittar, Aziz Abdalla Jarjour, Gil Pereira, João Miranda, pessoas que dedicaram a sua vida a construção de uma Brasília melhor. Mas a nova geração também não para, e continua construindo uma capital com qualidade de vida, sustentabilidade e inovação, pessoas com Paulo Roberto Melo, Presidente Fundador da ABRASSP (Associação Brasileira de Síndicos e Condomínios), que inspira e poia toda a comunidade condominial e toda a liderança comunitária, o Presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva Jr., ocupando um papel tão importante e tão significativo em um momento transitório e controverso de nossas vidas (A Pandemia), e o Deputado Distrital Rodrigo Delmasso, que segue na luta de forma incansável com milhões de ações e projetos de lei em prol de toda a comunidade.

Além das pessoas, são os lugares marcantes em Brasília que nasceu como uma cidade bucólica e hoje uma cidade agitada, com milhares de opções culturais e de entretenimento. Deixo a minha lembrança de coisas simples que era marcas de Brasília e hoje não existem mais, como a "Festa dos Estados", o estádio "Pelezão", que virou um novo bairro, o "Pedalinho e a "Piscina de Ondas" do Parque da Cidade que Rogério Pithon Farias e que virou Sarah Kubitschek ".

Hoje existe uma nova Brasília, mas os nossos monumentos e obras são eternos, pois cada forma geométrica em Brasília é um fenômeno e um monumento, não existe cidade com tantas obras de arte a céu aberto como o Palácio do Catetinho, primeira obra pública de Brasília, o Hotel Brasília Palace, onde JK e autoridades internacionais, viram a seleção ser campeão em 58, o estádio Mané Garrincha que virou Estádio Nacional, a Catedral com vitrais singulares e curvas únicas, o Museu Nacional, Memorial JK e os Palácios do Planalto e Alvorada, onde o presidente mora e trabalha, o Congresso Nacional e a Praça dos 3 Poderes, representando a democracia e o direito do povo, e lugares para ver um pôr do Sol indescritível que sempre que vejo, parece que é a primeira vez, no Pontão do Lago Sul, Península dos Ministros, no parque da cidade, um dos maiores parques em centros urbanos do mundo, na Torre de TV e Torre Digital.

Uma cidade de arquitetura tão simples com ruas e quadras numeradas, com setores específicos, mas tão complexo e complicado para quem não é daqui, fica difícil entender como as coisas funcionam, ainda mais quando entram pela primeira vez na tesourinha e fica perdido dando voltas. Somos diferentes de tudo, temos tantos clubes, um para cada associação, o nosso carnaval começa antes com blocos de rua (Baratona, Baratinha, Raparigueiros, Galinho de Brasília, Pacotão), passamos 4 meses (Maio-Agosto) fazendo festa junina em casa, nos clubes, igrejas e em todos os lugares, em Agosto temos a festa do Templo Budista, começarmos o Natal mais cedo, porque amamos nos enfeitar e celebrar e o ano novo vamos para o Show da Esplanada ou grandes festas em clubes e mansões.

Sempre saímos na frente das leis e padronizações, inclusive na PANDEMIA, fomos o primeiro a aderir ao lockdown, a regulamentar os processos e procedimentos de saúde pública e isolamento na cidade e nos condomínio. fomos os primeiros a adotar o cinto de segurança, somos um dos poucos que respeitamos a faixa de pedestre e que respeitamos os ciclistas, pois somos do esporte, corremos, pedalamos, nadamos, andamos de skate, patins e tudo mais que inventarem. Somos referência no modelo condominial, regras, tecnologias e inovações. Somos o rei da promoção, passamos o ano inventando festivais gastronômicos e no comércio de uma forma geral para economizar, desde o Lápis Vermelho até o Natal, o ano todo em shoppings e feiras (Feira dos Importados, Feira da Torre, Feira os Goianos, Feiras do Guará, BSB Mix, Feira da Lua) consumindo.

Brasília não tem uma cultura, um sotaque característico, ou comida típica, mais ao mesmo tempo esta miscigenação de estados, raças, crenças e culturas que formou Brasília e nos deu uma nova perspectiva cultural, gostamos de carne de sol, tapioca, cuscuz, piqui, cupuaçu, açaí, churrasco, fondue, pizza, massa, comida árabe, chinesa, alemã, japonesa e isso fica refletido nos nossos restaurantes mais tradicionais: Roma, Pizzaria Dom Bosco, Beirute, Libanus, Pastelaria Viçosa, Careca, Piantella (fechado), Xique-Xique, Gibão, Nippon, Sorveteria Moca’s, Pamonhão Kalu (fechado), Faisão Dourado, Bar do Amigão e agora mais recente a Galeteria Beira Lago. Somos um povo eclético, somos a cidade do rock, protagonistas do Porão do Rock, mas gostamos de música clássica, MPB, POP, Dance, Sertanejo. Se Brasiliense é se tudo isso e mais um pouco, somos o Brasil e o Mundo em um só corpo e espírito.

Mas este aniversário será marcado em toda a nossa história, onde a cidade parou para se cuidar e cuidar dos seus habitantes e adoeceu economicamente por conta do fechamento do comércio e de uma parada que durou quase um ano de atraso a toda a economia local e mesmo com uma tímida retomada, marcas graves ficarão na nossa história, como perdas de vidas tão importantes e tão relevantes ao cenário Brasiliense, como o desemprego e fechamento de lugares que eram parte da nossa história e parte de nós. Mas a nossa história é construída em cima de coragem, de obstinação e de uma força inexplicável que sustentou os candangos mais de 5 anos para entregar esta capital federal. Teremos que deixar de ser Brasilienses e voltarmos a ser CANDANGOS e reconstruir a nossa cidade, pois continuamos acreditando que aqui é a Capital da Esperança, que aqui construímos a nossa família e continuaremos fazendo deste local mágico o nosso lar, a nossa casa, o nosso parque, a nossa alegria, o nosso amor e a nossa felicidade.  

Brasília, é Patrimônio Cultural da Humanidade, mas é o legado todos nós que participamos desta história, dos nossos pais, avós, bisavós, filhos, netos e bisnetos. Nós fizemos desta cidade o que ela é hoje, já somos mais de 3 milhões de habitantes que contribuíram de alguma forma para estes 61 anos. 

Parabéns a todos nós, Candangos e Brasilienses e agora mais do que nunca, CANDANGOS!!!

Autor: Davi Shamballa
 










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