Opinião: Os desafios do síndico na pandemia

A empatia virou um dos maiores instrumentos que devem ser utilizados pelo síndico


Por Sabrina Sayeg

O síndico, na atual conjuntura e, certamente, após a pandemia, não é mais como aquela figura do gestor de obras ou de manutenção, ou mesmo aquele condômino que se aposenta e assume a gestão do condomínio para "passar o tempo".

O condomínio da atualidade exige como síndico uma pessoa que tenha o compromisso de gerir a coletividade de maneira transparente e sempre aberto ao diálogo.

Cada condomínio tem uma particularidade e suas características próprias, seja sua saúde financeira, ou até mesmo as relações interpessoais. Hoje, o síndico trata de relações humanas num ambiente, em alguns casos, com pessoas intolerantes e agressivas. E mais, síndico, não é o "dono do condomínio". Lembre-se que síndico gere o condomínio, e não a vida privada de cada morador. 

Antes de agir, o síndico deve ser prudente e tomar vários cuidados, pois pode causar sérios prejuízos e consequências graves ao ambiente condominial, além da sua própria responsabilização civil e criminal por seus atos ou omissões. Estar síndico é encarar obstáculos!

O síndico zela pelo bem-estar, segurança e harmonia na comunidade condominial, agindo sob os parâmetros legais, tal como a Convenção Condominial e o Regimento Interno, dentre diversas outras normas legais. E sempre que necessário, deve contratar profissionais especializados na área em que houver a exigência de um posicionamento técnico e específico.

A pandemia da Covid-19 fez com que o síndico aumentasse ainda mais sua preocupação com a saúde dos moradores do condomínio. O síndico passou a gerenciar uma situação de crise dentro da comunidade condominial.

Com a pandemia, o síndico viu-se obrigado a impor medidas restritivas com o objetivo de proteger os moradores, por exemplo, com a interdição das áreas comuns (piscinas, playgrounds, salões de festas e jogos, churrasqueiras, etc.). 

A maioria dos condôminos aceitou e respeitou, com naturalidade, as medidas excepcionais tomadas pelos síndicos de todo o Brasil, mas desde que fossem baseadas no bom senso. 

A empatia virou um dos maiores instrumentos que devem ser utilizados pelo síndico. Por essa razão, síndico não pode ser autoritário, tampouco omisso ou leniente.

Síndicos que foram autoritários durante esta pandemia não conseguiram resolver os conflitos internos do condomínio, e acabaram criando muitos entraves judiciais. O síndico deve ter bom senso, o que também vale para a comunidade condominial, que deve contribuir para a paz dentro do condomínio. Viver em condomínio, é viver em sociedade. 

Podemos afirmar que viver nessa comunidade condominial, onde pessoas, de diversas características, dividem espaços, requer conhecimento de civilidade, e muita paciência. As pessoas que moram em condomínio não têm os mesmos hábitos e necessidades, e por isso, viver em condomínio exige pensar na coletividade.

Estamos diante de uma pandemia, momento de maior solidariedade e limitações. O condomínio é uma microsociedade, e deve ser visto como exemplo para toda a sociedade. Portanto, a figura do síndico mudou! 

Daqui em diante, todo síndico deixará um legado, pois vem superando desafios na busca da valorização do patrimônio e bem-estar dos moradores e colaboradores. 

Mas acima de tudo, o gestor condominial deve buscar, principalmente, a harmonia dentro da comunidade condominial.

*Sabrina Sayeg, advogada especializada em Direito Imobiliário e Questões Condominiais.

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